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Jorge Veiga é carioca da gema

Autor: Luis Pimentel

Caricatura: Carlos Amorim

Em fevereiro, é sempre oportuna a lembrança do estupendo cantor Jorge Veiga (que nasceu nesse mês), um mestre absoluto na gravação de músicas de carnaval (também nos sambas de breque e de gafieira), intérprete dos mais charmosos da música brasileira, com sincopado, ginga, embocadura e maestria que o colocam no mesmo nível de Gordurinha, Ciro Monteiro, Jackson do Pandeiro, Roberto Silva e Roberto Paiva. Não à toa, foi batizado por Paulo Gracindo como “O caricaturista do samba”, pois humor ele tinha para dar e vender.

Há confusão de registros quanto à data de nascimento de Jorge Veiga: já encontrei o dia 14 de abril e também 6 de dezembro. Mas fico com a Agenda Música Brasileira 2012, que grava o dia 6 de fevereiro; quanto ao ano, todos os registros concordam: 1910. A carreira artística de Jorge (carioca do Engenho de Dentro) começa nos anos 30 do século passado, quando faz as primeiras apresentações em emissoras de rádio, imitando Sílvio Caldas. A infância fora de menino pobre, trabalhando como vendedor de doces, de frutas, de jornais e como engraxate. Também se virou como pintor de paredes – dizem que foi nesse ofício que, cantando enquanto trabalhava, chamou a atenção do patrão, homem de rádio, que o levou para soltar a voz.

O primeiro sucesso nacional do caricaturista do samba acontece em 1944, com a canção carnavalesca “Iracema” (Raul Marques e Otolino Lopes). Caiu no gosto do povo e dos melhores compositores brasileiros, daí vieram obras-primas como “Rosalina” e “Cabo Laurindo” (ambas da dupla Haroldo Lobo e Wilson Batista), “Eu quero é rosetá” (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), “Estatutos da gafieira” (Billy Blanco), “Café soçaite” (Miguel Augusto) e “Bigorrilho” (Paquito, Sebastião Gomes e Romeu Gentil). No começo dos anos 1970 lançou dois LPs de muita repercussão crítica e ótimas vendas: “De Leve”, com Cyro Monteiro, e “O Melhor de Jorge Veiga”.

Foi um dos mais inspirados canários do nosso samba. Subiu para cantar nas alturas no dia 29 de junho de 1979.

Luís Pimentel

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